“A natureza é uma vadia assassina.”
Certa vez vi essa frase em algum
lugar pelas redes sociais. Achei meio cruel chamar a coisa mais importante do
universo de “vadia assassina”, mas pensando friamente a gente nota que o autor tinha
razão mesmo dentro da falta de sutileza.
Dentro da natureza (pretendo
falar sobre o quanto fazemos parte dela em outra oportunidade) a atitude mais
simples é sobreviver, seja fugindo ou seja caçando. Cada animal faz tudo dentro
do seu alcance para permanecer vivo e proteger sua prole, e seja darwinista ou
criacionista, a pessoa que negar a seleção natural não passa de uma tola
teimosa (sim, conheço a teoria do design inteligente, chamem como quiserem). Ao
fazer o melhor que pode cada indivíduo é testado e julgado apto ou insuficiente
para prosseguir com sua prole.
O fato é que segundo algumas
religiões mais filosóficas e a própria lógica, o ato de caçar uma presa é um
ato de amor, onde o predador mata um ser para se alimentar, e esse será julgado
insuficiente, ou seja, não mais procriará dando espaço a outros mais aptos da
mesma espécie. Por outro lado, um predador que não alcança sua caça também é
insuficiente, e segue-se a mesma lógica...
No reino vegetal acontece o
mesmo, em uma velocidade inúmeras vezes menor. Plantas com crescimento mais
acelerado se destacam e inibem a passagem de sol que alimentaria as outras
menores, por vezes matando-as. Outras crescem depois, e na qualidade de
parasitas crescem por anos agarradas às maiores para enfim sufoca-las num
abraço de morte.
Porque negar então que nós, seres
humanos seguiríamos uma lógica semelhante? No início de nossa existência
caçamos, plantamos, guerreamos, matamos e aprendemos a mentir e controlar, tudo com o
intuito de obter poder, e por consequência seguirmos vivos. Houveram povos
pacíficos na nossa história, e como acabaram? Pois é, acabaram. Não digo que um
povo está certo em exterminar seu semelhante, mas sem medo de errar digo que um
povo ou pessoa sem defesa está assumindo o risco de se tornar vítima, ou alguém
aí vê com frequência policiais ou militares sendo assaltados em serviço? (Fugi
do assunto, mas é pertinente)
Da mesma forma, uma pessoa que
não trabalha ou não sabe como ganhar a vida em uma sociedade como as atuais
tende a falir financeiramente; um atleta que não treina tende a ser derrotado;
um estudante ruim fracassa nas notas e assim por diante.
- COMO DIABOS NÃO INCENTIVAR A COMPETIÇÃO?
Quer dizer que vou preparar meus
filhos para um mundo de competição ensinando a não competir? A serem aprovados
sem julgamento na escola? A dizer que está tudo bem quando perdem uma disputa?
Antes que algum sabichão venha dizer que estou sendo implacável, leia com
atenção:
1)Tudo bem perder filho, te dou um sorvete pra te animar!
2)Perdeu de novo seu fracassado! És um incompetente mesmo,
está de castigo!
3)Valeu pelo esforço, temos que melhorar pra vencer na próxima!
Se não ficou claro, estou
sugerindo que a alternativa 3, meio termo entre 1 e 2 seja adotada. As “crias”
precisam sim aprender que perder faz parte, mas não podem acostumar a se
conformar com isso. A vitória tem de ser
comemorada com respeito ao perdedor, e a derrota aceita como uma lição para
buscar melhora e vitória.
Se pouco tempo atrás o julgamento
era implacável em muitas partes das vidas da molecada, hoje a galera do “coitadinhas
das crianças” está criando todas em bolhas. O resultado é uma das gerações mais
emocionalmente instáveis e inseguras de que se tem notícia. A problemática toda
é que um dia eles sairão da bolha, e o mundo não muda pra gente. A natureza é
uma vadia assassina, lembram? E a vida não aceita desculpas.
Se foi mal na escola tem um
motivo, se perdeu a corrida tem um motivo, e qualquer outra coisa na vida terá.
O que precisa é encontrar o motivo e lidar com ele, ou contorná-lo dentro do
possível, administrar acertos e falhas como faremos durante toda a vida e em todas
as áreas.
Se falo
com conhecimento de causa? Meu filho mais velho tem 10 anos, todas notas acima
de 9, letra invejável a muitos adultos, desenha muito bem, leu 12 livros nos
últimos 10 meses e pratica esportes regularmente. O mais novo tem apenas 1 e
meio, sem proezas a declarar, mas também promete e farei tudo ao meu alcance
para que seja uma pessoa excelente no geral, afinal de contas eu seria um pai “insuficiente”
se não o fizesse. Quem quiser que faça diferente com os seus, mas até agora meu
método tem se demonstrado um formador de seres “aptos”.